Começamos o ano na estrada real.
Desde que vimos um totem numa estrada de Cunha para Parati ficamos intrigados para saber o que era aquilo. Gravado no concreto havia um emblema parecendo um brasão com as letras "ER". Estava escrito Estrada Real, mas não fez nenhum sentido pra nós.
Pesquisando na internet fomos entender o que era a tal Estrada Real. Descobrimos que ela começava em Minas e acabava no Rio, exatamente por onde passamos.
E agora, em 2021 lá estávamos nós de novo, para dessa vez conhecer um dos trechins mineros.
Do que a gente vai falar nesse post:
Nossa percepções
A ideia era pegar o Caminho Velho, em São João del Rei, onde estávamos baseados, para conhecer as cidades da região. Na minha opinião, acho que é o trecho mais pop, do ponto de vista histórico. Mas sem querer descobrimos que o Caminho Velho se cruza com o novo e de repente você já nem sabe mais onde está, não fossem essas pequenas construções distribuídas no meio do caminho, enfiados no meio de uma moita, ou no canto de uma calçada ao longo da estrada, que indicam em quais deles estávamos.
Não pensem que essa estrada é real por causa de nenhum glamour. Na verdade ela é uma estrada bem simplezinha. As vezes boa, as vezes ruim, as vezes com asfalto e as vezes com paralelepípedo. Mas sempre, sempre com paisagens espetaculares de morrer de catapora. Serras, chapadas, paredões infinitos. Ah, essa é com certeza uma das estradas mais lindas que já passamos.
Como andar por lá
A Estrada Real é grande, imagine que cruza 3 estados: Minas, Rio e Sampa.
É tão grande que foi dividida em 4 caminhos: Caminho Velho, Caminho Novo, Caminho dos Diamantes e o Caminho do Sabarabuçu.
Mas quem sou eu pra te falar de cada um deles. O certo mesmo é entrar no site do Instituto Estrada Real (http://www.institutoestradareal.com.br) e coletar todas as informações lá, que inclui mapa, GPS e toda informação que é necessária para organizar o percurso.
Pra ficar mais fácil o ideal é escolher uma cidade base e conhecer os arredores.
E as cidades?
Aqui vamos falar apenas das cidades pelas quais passamos ok?! Dividimos esses passeios em 2 dias inteiros, mas só porque não tínhamos mais.
Dia 1:
São João Del Rei: A cidade base
De forma despretensiosa escolhemos ficar em São Joao Del Rei, que fica bem do ladinho de Tiradentes e Bichinho (é isso mesmo, rs). Não muito longe de lá (bom, um pouquinho longe só) ainda tem Congonhas e a mais pop de todas, Ouro Preto.
Lá é perfeito, tem hospedagens baratas, é uma cidade bem tranquila e dá pra conhecer o local na paz, sem sair no braço por uma foto ou ficar com medo de aglomeração. Apesar de pequena, tem uma ótima infra estrutura, farmácia, mercado, posto de gasolina, tem-de-tudo.
E tem centrinho histórico? Opa, se tem.
Avistamos de longe as torres da Igreja de São Francisco de Assis e chegando lá que maravilha. A igreja é grandiosa com detalhes de barroco mineiro por toda parte. Dei uma pescoçada no que um guia estava explicando para um casal e fui espiar no Wikipedia. Ele falou das caveiras carregadas pelos anjinhos e de como o barroco mineiro foi importante para o Brasil até chegar no Aleijadinho. Muito bom, vale a pena contratar um guia para ampliar os conhecimentos. Ah, mas importante, no dia que fomos estava fechado então não vimos por dentro. =(
De lá fomos para o centro cheio daquelas casinhas coloridas bem com cara de cidade mineira. E aqui o esquema é largar o carro em qualquer canto e seguir a pé.
Na rua Getúlio Vargas dá pra ver quase tudo que é bem importante. As casas, as igrejas, os restaurantes. Foi a primeira vez que vi uma rua que começa numa igreja e acaba em outra. E se não for suficiente, ainda tem uma outra no meio.
Bichinho: Povoadim pertim
Saindo de São João rapidinho caímos na estrada real e chegamos nesse povoado com esse nome engraçadinho.
Vamos lá gente, Bichinho é um lugar fofinho, pequeno, com cafézinhos super simpáticos, mas confesso que fui lá pra ver mesmo a tal da Casa Torta.
Adivinha? Estava fechada, mas acho que não entraria porque a casa por dentro é normal sabe?! Não é que nem a casa maluca do PlayCenter...
Mas por fora é uma gracinha, coloridinha e cada parte da casa vai pra um lado.
Dando tempo vale a pena dar um rolê no centrinho e é claro, tirar uma foto na placa "Bichinho ♥ ".
Na saída, ou na entrada da cidade, tanto faz, fica o museu do automóvel.
Não entramos, mas tomamos um café que fica ao lado, onde encontramos um porco e galinha feitos de goiabada.
Tiradentes: A queridinha
Ah esse aí é a queridinha da região, digamos assim. Pelo menos foi isso que percebemos.
Tiradentes é aquela cidade que mistura ruas com muita história com um centrinho colorido cheio de lojinhas de artesanato, muitas sorveterias e restaurantes.
Eu dividiria a cidade na parte reta e a parte das ladeiras. A parte reta é onde tem a maioria das lojinhas e o Largo da Forra e o Chafariz São José. Já ali também tem algumas igrejas.
Aí começam as subidinhas e o legal é ir se perdendo, encontrando um bequinho ou outro vazio, com sombra pra poder tirar umas selfies bacanas até chegar na Igreja Matriz de Santo Antônio.
Aqui mais umas pinceladas, ou marretadas de Aleijadinho no frontão da igreja, a fazem especialmente linda. Dá pra chegar nela de vários pontos da cidade, então não importa de onde venha, o importante é subir. De novo, por causa da pandemia ela estava fechada, mas de fora já é linda.
Percebemos que Tiradentes é o point e muita gente que está hospedado na região acaba passando o dia lá. É bem mais cheia que as cidades menores vizinhas, mas tem uma infra que aguenta.
Dia 2:
Tivemos que começar cedo, pois nesse dia íamos mais longe de São João.
Congonhas dos Profetas
De São João até lá é mais ou menos 1 hora e meia. Mas com a vista a gente nem percebe.
Na ida comecei a pesquisar sobre a cidade e acabei descobrindo uma coisa intrigante. Você sabia que a barragem de Congonhas é a maior em área urbana? Mas calma! A barragem de lá é diferente das que cederam e já está sendo desidratada. Interessante né?! Nem sabia que tinha essa diferença.
Passado o medo fomos apreciar a tal famosa igreja dos 12 profetas, que na verdade se chama Santuário do Bom Jesus de Matosinhos .
Uma grande, grande pena é que a igreja estava fechada e em Minas meu amigo, quando eu digo que esta fechada é que não dá pra chegar nem perto da porta porque várias delas tem uma espécie de portão na frente...
Mas nessa igreja dá pra ver as obras porque os profetas estão todos do lado de fora, distribuídos como se estivessem num palco, dançando um balé. Não é viagem minha não tá, é isso que dizem os especialistas. Da uma googada.
A verdade é que chegamos em Congonhas pra ver a igreja achando que era só isso, mas a área na frente é uma ladeira com 6 capelas, isso mesmo, 6 capelas que contam a paixão de Cristo.
E como se não bastasse, as cenas que representam esse momento são feitas em madeira esculpidas pelo Aleijadinho. Ah gente. Esse homem não existe. Não sei se as capelas abrem, mas nesse dia estavam todas fechadas. Aí tem que ver pela porta mesmo e dá pra ver direitinho. É legal dar um giro e ir acompanhando pelo site https://congonhas.tripod.com/igrejas.html onde cada cena é explicada e te ajuda a reparar nos detalhes. Tudo muito simples, leitura rapidinha.
Não turistamos muito na cidade. Ao lado tem umas lojinhas de artesanatos e uma coisa que precisa ser mencionada aqui: BANHEIROS. Gente, tem um banheiro limpinho e na faixa para usar.
Partimos dali para a POP Ouro Preto.
Ouro Preto: A super POP
Chegamos na mais pop das cidades mineiras. Eu disse a mais POP e não a mais TOP.
Nada pessoal, Ouro Preta é tão linda quanto todas as demais cidades históricas mineiras, mas por ser também a mais famosa, acaba que tudo fica muito cheio: cheio de gente, cheio de carro, cheio de trânsito, cheio de barulho, cheio de...
A sensação que dá é que tudo fica meio ofuscado pela muvucada. Não sei vocês, mas eu gosto de imaginar como era o lugar naquele tempo, mas em Outro Preto é impossível fazer isso.
Vale falar que o caminho até Ouro Preto é de emocionar até o coração mais peludo. Que caminho lindo. A vontade que dá é de parar o tempo todo e qualquer foto não representa aquela serra.
Chegando lá começamos pela Igreja Matriz de N. S. do Pilar. A entrada é paga, em Jan 2021 foi 10 contos por pessoa. Achei válido, a igreja estava muito preservada e é linda. Li que é considerada uma das igrejas mais ricas de Minas Gerais. Parece mesmo porque o interior é dourado de doer os olhos.
A visita é breve, e quando fomos foi possível tirar fotos de dentro.
Saindo de lá seguimos rumo à Praça Tiradentes. Subimos a agitada Rua Conde de Bobadela, onde encontramos um milhão de restaurantes e cafés. Escolhemos um e arriscamos um tutu. Hummmm
Subimos mais um pouco e chegamos no fervo da cidade, a Praça Tiradentes. Por causa da aglomeração demos uma olhada e saímos fora. Não era seguro ficar ali. Só deu tempo de dizermos uns 3 nãos para passeios de agências, tiramos uma foto na frente do Museu da Inconfidência e tchau.
E foi tchau mesmo, porque dali fomos embora. Uma grande pena, ficamos tristes porque essa era a cidade que mais queríamos conhecer. São as surpresas da vida. Nossa expectativa com Ouro Preto estava no topo, mas foi mesmo São João Del Rei e Tiradentes que ganharam nosso coração.
É! Essa é a Estrada Real. Voltamos ainda procurando os tótens. Passamos por alguns, mas nem sempre deu pra parar.
Já estamos planejando voltar. Na próxima tentaremos ficar hospedados mais perto de Ouro Preto para tentar pegar a cidade em horários mais vazios.
Se me perguntassem, de qual cidade você gostou mais? Eu com certeza responderia, gostei de todas, afinal, são todas reais.
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