Planejamos inúmeras vezes uma viagem longa de carro, mas sempre adiamos por algum motivo. No início era porque o carro não era confortável. Resolvemos o problema comprando um carro melhor. Depois foram as mudanças de emprego. Depois foram outros lugares que queríamos conhecer. Sempre teve uma outra coisa e esse dia nunca chegava.
Mas aí chegou a pandemia e com ela foram as viagens canceladas, o medo de pegar avião e a tentativa de evitar aglomeração o quanto fosse possível e aí a alternativa que antes era a terceira ou quarta opção, acabou se tornando a número 1.
Começamos a planejar essa trip no meio de novembro com algumas premissas antes de colocar o pé na estrada, que iam desde cuidados com a nossa saúde até economia durante a viagem, que seria bem longa:
Evitar ao máximo aglomerações
Levar nossos snacks e bebidas para o caminho e assim evitar paradas para lanches
Não fazer reservas para a viagem inteira
Deixar o roteiro flexível para ficarmos quanto tempo quiséssemos onde quiséssemos
Levar no carro tudo o que precisássemos para ter mais autonomia
Estipular um gasto máximo com estadias
Bom e como conseguimos cumprir cada uma das premissas:
1. Evitar ao máximo aglomerações
Para fazer isso foi preciso abrir mão de alguns lugares que eram bem famosos, mas estavam muito cheios.
Quando se tratavam de praias, nem foi tão difícil. Ao desenharmos o esqueleto do nosso roteiro, pesquisamos o que outros blogs e pessoas falavam no TripAdvisor sobre cada uma delas. Quando falavam "praia badalada" ou "praia ótima para famílias" e até mesmo "praia com boa estrutura de quiosques" já riscava da lista.
Isso porque normalmente quer dizer que essas praias são cheias e vai ser difícil encontrar um cantinho para praticar o distanciamento. Claro que algumas praias até tinham uma galera com seu guarda-sol e seu cooler, porém em algumas delas, longe do quiosque, dava pra esticar a nossa esteira mais isolados. Mas isso aconteceu poucas vezes. Na maioria, e posso dizer maioria de verdade, fomos à praias praticamente desertas e sem estrutura. E adoramos!
Quando se tratava de cidades, aí o negócio ficava mais complicado e tivemos que ser mais criteriosos e xiitas. Está cheio? Dá pra achar um cantinho pra ficar? Não? Então vamos embora.
Foi o que fizemos em Trancoso. A noite, o Quadrado de Trancoso estava LOTADOOOOO, pessoas nos restaurante todas juntas, em pé, fumando e bebendo. Vimos até uma "baladinha" rolando um putz putz. Diante daquilo jantamos correndo, demos uma olhada geral no centro e picamos a mula. Para fotografar a igrejinha branca e azul tivemos que chegar lá às 7h00 da manhã. Em Arraial D Ajuda estava parecido, mas lá é um pouco maior e parecia ter mais espaço, mas mesmo assim, muita gente junta e misturada.
Ficamos uns dias em Vila Velha por causa do trabalho, mas nessa aí praia só a noite para jogar um frescobol e voltar para o apartamento. Durante o dia, areias sempre cheias e a gente fora dela.
Por isso, nessa viagem preferimos vilarejos e cidades bem fim de mundo do que as badaladas.
2. Levar nossos snacks e bebidas para o caminho e assim evitar paradas para lanches
Para essa viagem compramos 2 coolers. Um de 32 litros e outro bem menor. O maior ficava no porta malas do carro e era o nosso estoque e o menor deixávamos atrás dos bancos sempre a mão. A única coisa chata era ter que abastecer com gelo todos os dias, mas nada que expusesse muito a gente ou fosse caro.
Compramos bebidas em SP e abarrotamos os 2 com tudo o que a gente gosta de beber: refri, chá, suco e agua. Além disso também colocamos no cooler sachês de manteiga, de cream cheese e pacotinhos de Salamitos que quebram um baita galho.
Como nossa ideia era evitar paradas para comer, também compramos sachês de comidas que poderiam ser consumidas facilmente: Torradas, bolachas e Club Social.
Levamos também um panetone já cortado e uma coisa que adoramos foi levar mini tomate com sal para comermos mais saudável.
Além disso sempre tivemos frutas no carro para evitar as besteiras.
Isso nos ajudou não somente a evitar pessoas como também acabamos economizando várias refeições, pois nos dias que estávamos na estrada praticamente não parávamos para comer.
Para suportar tudo isso levamos também: Copos plásticos, um kit de talheres, pratos plásticos, pano de prato e pra mim, o que salvou a vida foi uma mini garrafa térmica. Abastecíamos a danadinha com café nas pousadas para termos o nosso cafezinho no meio da estrada.
3. Não fazer reservas para a viagem inteira
Desde o início a ideia era fazer uma viagem sem roteiro, mas como uma hora tínhamos que voltar desenhamos um roteiro para saber ate onde poderíamos ir para não ficar tão longe voltar depois.
Por isso, desenhamos um esqueleto básico de roteiro (que foi alterado algumas vezes ao longo da viagem) para termos essa ideia.
Com isso a gente só conseguia se adiantar 1 ou 2 dias e as reservas de hospedagem foi assim. Reservávamos para o dia seguinte ou no máximo dois dias depois.
Ficamos um pouco preocupados e com medo de não achar vagas ou encontrar apenas hospedagens muito caras, mas não sabemos se é por causa da pandemia ou se de fato é assim, encontramos hospedagens que estavam no nosso budget todas as vezes.
4. Deixar o roteiro flexível para ficarmos quanto tempo quiséssemos onde quiséssemos
E conseguimos. Inicialmente não ficaríamos mais de uma noite em cada lugar. No meio do caminho foi tudo diferente. Pousamos em lugares que não estavam no roteiro inicial. Ficamos 3 noites num único lugar porque estava maravilhoso. Voltamos para lugares que gostamos muito. Não sabíamos como seria o Natal e nem o Ano Novo e foi demais passar por essa incerteza porque tivemos a oportunidade de adequar nossa estadia às nossas vontades.
No final mudamos o roteiro e voltamos para o inicial. E foi assim a viagem toda e nunca foi tão bom.
5. Levar no carro tudo o que precisássemos para ter mais autonomia
Na verdade, tudo o que coubesse dentro dele. rs
A gente não queria se dar ao luxo de precisar de alguma coisa e ficar na mão.
Coloquei uma caixa organizadora no sofá dias antes da viagem e ia jogando tudo o que lembrava.
Colocamos nossas roupas em organizadores de mala para otimizar espaço dentro do carro. Por isso, levamos roupa apenas para 1/3 da viagem e e não teve jeito, tivemos que lavar algumas coisas na mão e para lavar tudo levamos um pouco de sabão.
Também não faltou o álcool, em gel, em lencinho, em todos os tamanhos e formatos.
Até a nossa pinheirinho veio com a gente, afinal o Natal seria na estrada né?!
Muitos remédios para o que fosse necessário. Veneno para mosquito que vai na tomada. Até um cadeado de bike a gente trouxe. Pra que? Sei lá, vai que a gente precisa.
Ah, roupa de cama também rolou, porque estávamos com medo de pegar alguma pousada onde a gente desconfiasse que a roupa pudesse estar suja. Ahhh e claro, nossos travesseiros. Até um cobertor coloquei na mala, e usamos viu?!
6. Estipular um gasto máximo com estadias
Essa foi a premissa mais difícil de decidir. Qual seria um gasto máximo? 100? 200? 300?
Demos uma pesquisada em algumas cidades que queríamos passar e vimos que tinham hospedagens com notas ruins que eram baratíssimas, mas outras super caras que ficaria pesado para o nosso bolso.
Entendemos que 250 reais era um valor para hospedagens simples, porém boas.
Para a nossa surpresa, conseguimos várias hospedagens por bem menos que isso. Isso compensou algumas delas, como Trancoso, onde não conseguimos encontrar lugares melhores por menos de 300 reais. Mas no fim do dia, ficamos ainda abaixo da média, mesmo tendo passado por Arraial e Vila Velha, que são cidades maiores.
A dificuldade de viajar assim durante uma pandemia foi ter que se policiar o tempo todo e ter que policiar os outros, o que é quase impossível. Por exemplo, nós usávamos máscara sempre, mas não conseguimos obrigar todos ao nosso redor a ficar de máscara. A gente se afastava das pessoas, mas tem quem adora um calor humano e não sabia manter o distanciamento. Por isso, acho que sempre ficamos no risco iminente, mesmo tendo sido tão cautelosos.
Se quiser dar uma olhada na nossa checklist, vê aí:
Coisas Gerais:
Papel higiênico
Álcool em gel
Álcool em lenço umedecido
Panos de chão
Flanelinha
Panos de prato
Toalhas de banho
Toalhas para praia
Lençol
Cobertor
Fronha
Travesseiros
Cadeado de Bike
Veneno para mosquito de tomada
copos plásticos
Pratos plásticos
kit de talheres
Copo com tampa
Garrafa térmica
Remédios:
Vonal
Plasil
Sal de frutas
Buscopan
Luftal
Ducolax
Neosaldina
Cefaliv
Dorflex
Nebacetin
Mertiolate
Band Aid
Esparadrapo
Algodão
Lazer:
Frescobol
Guarda Sol
Esteira
Sapatilhas aquáticas
Outras coisinhas:
Protetor solar corpo e rosto
Caladril
Tesoura
Cortador de Unha
Alicate de unha
Lixa de unha
Pinça
Esponja para o pé
Sabonete
Shampoo
Cremes para cabelo
Creme hidratante
Off
Tudo isso coube dentro do carro, com jeitinho para encontrar o espaço para cada coisinha e assim viajamos tranquilos.
Muita gente me pergunta: Dá pra viajar na pandemia? Com jeitinho e cuidado sempre dá.
Comments