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Como é ficar no Marais em Paris


Vista do Pompidou

Em 2015 fomos a primeira vez em Paris.

Sem muita grana e sem conhecer nada da cidade, fechamos o hotel com uma agência aproveitando o dólar baixíssimo que eles conseguiram pra nós.

Mas como nada é perfeito, o vantajoso preço nos deu um trabalhinho quando chegamos ao hotel.

Apesar de bom, limpo e confortável ele era situado em um local longe da maioria dos pontos turísticos, Porte de Clignancourt. Apesar de ser na região de Montmartre, um local espetacular e pitoresco da bela e linda Paris, onde ficamos era longe suficiente para não ter esse o mesmo charme.

O bairro era sujo, meio estranho. Apesar de tudo, a maior vantagem era que ficava bem em frente à estação do metrô, que aliás, é a última da linha 4 (pra você ter uma ideia da lonjura).


Naquele ano ficamos 6 dias e andamos em todos os cantos possíveis. Numa das andanças fomos parar no Marais. Era um fim de tarde e estávamos esgotados pois batemos perna o dia todo. Chegamos de metrô e foi um choque: achamos tudo diferente. Pessoas com roupas coloridas, jovens de galera e muitos barzinhos, parecia até a Vila Madalena.

Era engraçado, pois algumas ruas eram surpreendentemente vazias e ao virar a esquina um mar de gente brotava na nossa frente.

Andando e se perdendo acabamos chegando no Pompidou. Sim, no coração do bairro fica o polêmico museu de arte contemporânea de Paris, o prédio mais contraditório que poderia haver na cidade. Nada neoclássico, a construção é revestida de vidro e estrutura de ferro. O grande tubo visto de fora abriga escadas rolantes e em frente, o grande pátio era local para jovens conversarem, fumarem, beberem e tocarem violão. Sentados como se estivessem em um parque, viam a tarde passar e a noite chegar bem devagarinho jogando uma boa conversa fora.


Pompidou

Foi um choque, tanto que pensamos, "não volto nunca mais". Aff, na época éramos tão quadradinhos, estávamos atrás de turismo e ali, definitivamente, a vida parecia mais real do que queríamos viver.


3 anos depois retornamos à Paris.

Com a cabeça mais aberta, livre de pré conceitos tolos e com mais experiência em viagens, escolhemos o bairro descolado para nos hospedar por 3 dias. Ao lado da Notre Dame e de uma das principais ruas de Paris, a Rue de Rivoli, o Marais não era só um cantinho descolado, mas um local perfeito para ficar.

Pegamos uma tiny house que parecia uma caixinha de fósforo. No 3º andar de um predinho na Rue de La Verrerie víamos a vida como um parisiense. Vizinhos que falavam francês e alguém entre o 4º e 5º andar tocando violoncelo. Ah, bem vindo às Paris!

Saindo, à direita ficava o fervo, jovens dos 15 aos 60 anos passeando por ali, vestidos com roupas coloridas, cabelos neon e rindo alto, muito alto.

Lojinhas de tudo, chocolate, perfume, roupa, muita comida e barraquinhas de crepe. Ah lembrei, tinha uma loja árabe também que vendia balas de gomas açucaradas de todas as cores do arco-íris que gritavam, "venha, venha, sou linda e enjoativamente doce".

E sempre tem o músico, o carinha na rua tocando um rock com sua guitarra e caixa amplificada.


Falando assim até parece uma Paris sem turista, claro que tem gente ali de todo canto do mundo, mas parece que todo esse mundo quer apenas se sentir um cidadão, um morador de verdade.

Seguindo em frente era o museu, aquele que falei ali em cima, o polêmico Pompidou, que achou seu espaço num bairro que aceita o diferente. Seu acervo abrigando Duchamp e Cassandres deixa a melhor parte para o rooftop: um restaurante delicioso com uma das melhores vistas, onde ao cair da noite vimos à cidade se transformando num luzeiro, bem ali na nossa frente.


À esquerda a Notre Dame de Paris, suntuosa dando um oi e te convidando pra entrar. Bom não agora, mas na época sim. Por ser tão perto fomos cedinho e tivemos a nave toda só pra nós.

É o quarteirão também da Saint Chapelle e com disposição chegamos ao Louvre, não antes de pararmos na Berska, Primark e HM. Da pra chegar rapidinho no museu, mas quem consegue com tanta tentação no caminho.


Notre Dame

O metrô ficava perto, e de lá se alcança qualquer canto num pulo.

Eu já sei, deve estar pensando que um lugar assim custa o olho da cara, mas de todos os locais bons, ali foi um dos que tinham o melhor custo benefício. Não queríamos ficar colado em pontos turísticos como a torre ou o Louvre, mas não queríamos demorar uma vida pra chegar até eles.


Numa das ruas encontramos um mercadinho. Tinha do vinho ao sabonete, mas claro que foi a sessão do queijo que arrebatou nosso coração. Os mais comuns e conhecidos, como o brie, e outros com cores não convidativas, vermelhos, verdes, azuis... Somos abertos ao experimento, mas não tivemos coragem de levar um desses. Arriscamos num tal de Reblochon. Ahhhh Paris, obrigada por me apresentar o Reblochon. Te devo essa. E assim levamos de tudo, pães, Nutella e até leite para tomarmos café na nossa mini casa.


E a noite... Ainda não consigo escolher se prefiro o Marais de dia ou de noite.

Com o cair da tarde, as luzes se acendem e ali naquelas ruas e pracinhas entendemos porque voltar á Paris foi a melhor escolha daquela viagem. Parecia tudo muito agitado, mas de um jeito devagar. Era UAU ver as crianças correndo, os casais de mãos dadas, amigos sorrindo comendo um negocinho no bar.


Os restaurantes japoneses bombando e as pequenas boulangeries distribuindo baguetes em troca de moedas. E os croissants? E os tarteletes? E os coloridos Macarrons? Todos dizendo "venha, puxe uma cadeira, você está em Paris"...

=)


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