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Foto do escritorcacarecos de viagem

A Cusco dos Incas

Elas estão por toda parte, as cusquenhas, com seus bebês carregados nas costas e suas roupas coloridas, oferecendo tudo o que se pode vender.

Esse cacareco é a perfeita representação do que se vê na rua. Mulheres pequenas e fortes andando para cima e pra baixo sem desgrudar um momento de seus bebês.


A chegada em Cusco

Saímos cedo de São Paulo em direçã à Cusco e já começamos com as surpresas no balcão da Avianca quando a atendente nos perguntou sobre as nossas vacinas de Febre Amarela. No site na Anvisa não incluía o Peru, mas no caso de Cusco (que fica no Peru) é necessária a vacina. Por sorte havíamos tomado a dose integral e tínhamos o comprovante para realizarmos viagens internacionais.

Pegamos uma conexão longa no aeroporto de Lima e chegamos em Cusco apenas às 15h.

O aeroporto da cidade é em uma região simples e mais afastada da cidade. É um aeroporto relativamente pequeno e lotado de receptores de agência, parece meio bagunçado, mas dá pra se achar.

Aeroporto de Cusco
Aeroporto de Cusco

Cusco e o mal de altitude

Cusco foi a nossa primeira parada. Lá a altitude já faz muita diferença, com mais de 3.000 metros acima do mar. Assim que chegamos quase impossível notar a diferença, mas bastou darmos uma leve caminhada para perceber que não erámos dali.

Ao chegarmos no hotel havia chá de coca disponível. Ele dá uma aliviada no início, mas ao nos deitarmos para dormir sentiamos dificuldade de respirar e ficavamos ofegantes.


Ao acordar sentimos dores de cabeça leve, como se estivesse pesada. Como eu tenho rinite, ela atacou. Meu nariz sangrou frequentemente durante toda a viagem pois o clima é muito seco e o rinosoro não deu conta.

Percebemos que é bom ir preparado e levar todos os remédios que normalmente usa para problemas respiratórios.

Mas ficar muito mal, dá para comprar um remédio vendido nas farmácias de lá chamado Sorochi ou AltiVital, que foi o que usamos (esse é natural). Não adianta tomar apenas uma vez. O ideal é tomar a cada 6 ou 8 horas enquanto estiver em lugares com a altitude tão alta.

Vimos ainda algumas pessoas com frascos de Oxigênio que também é possível comprar na farmácia, mas achamos que para o nosso caso ainda não era necessário.

O orgulho de Cusco

Os cusquenhos são extremamente orgulhosos pela cidade que construíram e o acervo cultural mantido até hoje.

Bom, Cuzco em Quechua (isso, igual a marca da Decathlon), língua inca falada até hoje, quer dizer umbigo do mundo. Já deu pra sacar né?!

Entendemos tal orgulho subindo a Avenida El Sol, a principal da cidade, que funciona como um centro comercial com vasta oferta de casas de câmbio (nem todas são confiáveis), restaurantes, farmácias, mercadinhos e um lindo gramado verde com o templo Coricancha ao fundo (falaremos logo dele).


Não é preciso muito tempo para conhecer os principais pontos da cidade. Em 1 dia (meio dia guiado e meio dia por conta própria), conseguimos conhecer bastante coisa na parte central e arredores da cidade.

Há um boleto turístico que dá direito a entrar em várias atrações. A cada entrada é feito um furinho no nome do local visitado.

Os detlhes são importantes

Os detalhes em Cusco são importantes e fazem muita diferença para entender o sincretismo cultural. Atenção especial na arquitetura. Notamos logo de cara que a maioria das casas tem mais de um andar, onde o primeiro é todo de pedra e o segundo de blocos. É assim porque os espanhóis edificaram um andar de tijolos acima das casas incas feitas em pedra e que eram térreas.

Vielas em Cusco
Vielas em Cusco

Outra coisa que também chama bastante atenção são os balcões de madeira, recuados para fora das casas, espalhados pelas cidades dos Peru, e que também vieram trazidos pelos espanhóis sob influência árabe. Vielas ocres e barrosas, com lojinhas de chás e empanadas. Durante o passeio precisa tomar uma Inka Cola para repor as energias e descobrir um Peru muito além dos espanhóis...

O que fazer em Cusco em 1 dia Bom, Cusco não é uma cidade muito grande. Nosso dia foi dividido em duas partes. A manhã fizemos a pé e sozinhos, a tarde fizemos um walking tour pelos pontos principais e algumas coisas nas redondezas da cidade.


Museu do Sitio arqueológico Qoricancha

É um museu bem pequeno que conta a história do povo inca e pré-incas. As peças estão distribuídas em vária salas e a maioria delas foram encontradas no próprio sítio. Mesmo que queira ler todas as plaquinhas, não levará mais de 1 hora para ver tudo. Há uma imagem bem bacana explicando a hierarquia dos deuses incas. 10 dias no Peru e você já aprende quem são todos eles.

Não confunda esse passeio com a visita ao Templo do Sol.

O páteo externo é um grande gramado verde que está estampado em qualquer foto de Cusco. Se tirar um foto dali já dá pra saber que esteve na cidade.


Plaza das Armas e Igrejas:

Subindo até o final da avenida El Sol, chega-se ao coração da cidade, a Plaza das Armas com suas 3 igrejas que a circundam e seus balcões de madeira admirando turistas do mundo inteiro que vão e vem, se desviando dos muchos perros que zanzam por lá o dia todo. Entre eles, um bem diferentão, que só tem pêlos na cabeça e no rabo, o perro peruano. Tadinho, parece que ele tem sarna, mas ele é assim mesmo.

A oferta de restaurantes também é vasta. É possível encontrar refeições de todos os valores na praça e na avenida. Como já estamos acostumados com as pegadinhas, nos distanciamos um pouco da aglomeração de turistas e encontramos lugares bem baratinhos. Claro que se estiver procurando por glamour, essas não são as opções mais adequadas pois se tratam de restaurantes simples, mas economiza-se um bocado saindo do circuito turístico. Um lanchinho rápido que fizemos por lá foram as empanadas. Sim, os peruanos também tem empanadas, como na Argentina, e também são muito boas. Mistura isso tudo com uma Inka Kola e fica perfeito.

A praça das armas é formada por um conjunto de 3 igrejas que são abertas para visitação: A Basílica Catedral da Assunção da Virgem, a Iglesia del Triunfo e outra um pouco maior, a Iglesia La Compañia del Jesús.

Se entrar na igreja apenas por entrar não entenderá muita coisa, mas estávamos com um guia e ele nos explicou o sincretismo religioso estampado em cada uma das peças e pinturas.

Os incas foram colonizados pelos espanhóis, porém tinham um apego religioso muito forte aos seus deuses e os espanhóis não conseguiram virar essa página tão fácil. Por isso, muitas representações bíblicas possuem ícones peruanos, como o Cuy pintado nos quadros da santa ceia em cada igreja do país.

Os peruanos sempre souberam trabalhar muito bem com a prata, que é considerada quase 100% pura e isso encheu os olhos dos espanhóis. Por essa habilidade as igrejas da praça são repletas de objetos litúrgicos feitos com a mais pura plata.

Infelizmente não é possível tirar fotos do interior das igrejas e nós, como turistas muito respeitosos, obedecemos.

Museu Histórico Regional:

Nesse museu também fomos sozinhos e pela manhã estava bem vazio. Usamos nosso boleto turístico para entrar.

O museu está dividido em duas partes e conta a história de Cusco antes e após a colonização espanhola. Ele também é dividido em várias salas e cada uma conta uma parte dessa história. O local em si é muito bonito: Uma grande casa, com balcões que dão para um páteo interno. Esse passeio bem feito, leva mais de 1 hora para ver as os dois andares.


Templo do Sol: Qoricancha (Coricancha) Esse é considerado o templo Inca mais importante pois o deus Sol era o mais importante para eles.

Era um local sagrado de rituais e oferendas ao deus Sol. Nele habitava o sumo sacerdote e só tinham autorização para entrar o Imperador, os sacerdotes e as virgens do sol. Suas paredes eram cobertas por folhas (lâminas) de ouro.

As paredes são de pedra polida e elas são tão juntas umas as outras que é impossível acreditar que não haja ali um cimento colando tudo. Na verdade, assim como em outras construções, as pedras possuem encaixes macho e fêmea, feitos com a própria pedra. Por isso elas não se soltam. Além disso, assim como a maioria das construções na cidade de Cusco, as paredes do templo são inclinadas, para evitar que cedessem em caso de terremoto. Eram muito espertos esses Incas.

Infelizmente, boa parte do templo foi destruído pelos conquistadores espanhóis, e no lugar dele ergueram o Convento e a Igreja de Santo Domingo. Os colonizadores foram espertos e aproveitaram os alicerces do templo para erguerem a sua obra. Na verdade isso aconteceu na cidade inteira. Por isso é importante reparar nos detalhes. Em um terremoto em 1950 parte da construção da igreja veio abaixo e revelou o templo do Sol, que não cedeu nenhum pedacinho. Graças à fúria da terra (que dramático), foi possível colocar essa visita tão incrível no tour pela cidade. Esse é com certeza um local para visitar.


É um pouco cheio, é bem verdade, mas vale bem a pena. É possível observar a quebra drástica entre a construção inca apenas de pedras e o rococó da igreja espanhola, com ladrilhos coloridos e tetos entalhados em madeira.


Sacsayhuaman Sacsayhuaman fica próximo ao centro de Cusco. Como estávamos com o city tour fomos de microbus até lá.

Lá foi o forte militar mais importante do Império e os paredões impressionam, não apenas pelo tamanho das pedras que foram transportadas até lá por meio de cordas, mas pelos encaixes perfeitos que elas possuem entre si. Uma verdadeira obra prima da arquitetura inca.

Nesse grande local aberto acontece o "Inti Raymi" ou festa do Sol (eita povo que ama o Sol e a Lua) a cada 24 de junho, no solstício de inverno do Inca. A cerimônia não é praticada da mesma forma, é claro, mas deve ser uma experiência bem legal. Não foi desssa vez que vimos a festa, fica pra próxima.

Há um grande gramado verde vivo e é possível avistar bandos de lhamas (não sei qual o coletivo de lhamas) zanzando por lá. São tão mansinhas que é possível chegar bem perto delas para tirar fotos.

Meu conselho é que se estiver por conta, dê uma pesquisada sobre o local, com antecedência, para não ficar boiando para não parecer que se trata de mais uma ruína Inca. Não há nenhuma placa informativa no local para explicar do que se trata.


Tambomachay Subimos no microbus novamente e seguimos até Tambomachay. Então né, aí assim, pra gente que está a passeio esse parece um daqueles lugares que você vai pra preencher o espaço do citytour sabe?! Mas como você está de viagem, acaba curtindo tudo.

Descemos na entrada e fomos caminhando até os aquedutos. Ai era frio heim. Isso porque estávamos em Dezembro...


Tambomachay era um centro de adoração e culto à água. Alguns conhecem o lugar como "templo da fertilidade". Conta a lenda que se as mulheres tomarem suas águas milagrosas dá pra escolher até o sexo das crianças porque se for da queda do lado direito, elas terão um filho do sexo masculino e se for da esquerda, uma mulher. Tinha uma Alpaca em um dos lados tomando água. Mas não sei se a simpatia deu certo pra ela não. Por via das dúvidas, eu não testei...

Q'enqo

Esse também é um dos passeios que a gente foi, mas tipo assim, porque faz parte do programa.

O que eu achei bacana de lá é porque era um local de sacrifícios. Dizem que os animais negros era os principais eleitos para o sacrifício, por serem os mais belos, segundo os incas. Alguns historiadores escrevem que sacrifícios de bebês. Ui. Meio pesado né?!

Local de sacrifício
Local de sacrifício

Como qualquer passeio turístico, acabamos o dia em uma loja no meio do nada para comprar roupa típica do Peru e pequenas lhaminhas. Aprendemos que nem tudo que dizem que é de pêlo de Alpaca realmente é e dá pra diferenciar pelo preço, porque itens de Alpaca são inifinitamente mais caros. E como quase tudo lá era de Alpaca de verdade, não levamos nada.


Cusco é um dos primeiros destinos pra quem chega ao Peru. E é bem comum começar por lá porque é o ponto inicial para lugares famosos como Ollantaytambo, o Vale Sagrado e a prima rica, Machu Picchu. E foi exatamente por onde começamos.

Passamos 1 dia e meio em Cusco e depois seguimos rumo a Ollantaytambo para chegarmos em Machu Picchu e depois seguirmos para Puno.

O único arrependimento é não termos começado a viagem invertida, pois passamos os últimos dias em Lima, onde viramos o ano. E dizem que o ano novo em Cusco é maravilhoso. Bom, fica pra próxima!


Where to next?


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